Escute as vozes dissidentes

From Henry's personal library

Sam diz que durante o desenvolvimento de um site algumas pessoas irão encorajá-lo. Enquanto outras irão criticá-lo ou dizer que não estão contentes com isto ou aquilo. Um desenvolvedor de jogos vai naturalmente se focar nos retornos positivos e não querer dar muito peso às coisas negativas. O que Sam aprendeu com o tempo é que as pessoas que estão descontentes com uma carta ou todo o set não estão erradas. Elas podem estar, mas você não pode ignorá-las ou tentar provar que elas estão erradas e você certo. Se durante os testes de jogo uma ou mais pessoas estão infelizes, é provável que as pessoas do seu público-alvo também dirão as mesmas coisas e farão as mesmas reclamações. Os desenvolvedores não podem agradar a todo mundo ao mesmo tempo, mas eles devem tentar agradar ao maior público-alvo possível. Como Mark Rosewater afirma, para cada carta que for amada, alguém mais vai odiá-la e vice-versa.


Eu devo dizer que isto se relaciona bem de perto com o ego. Pessoas que não suportam serem criticadas, mesmos que de maneira positiva, têm egos frágeis. Em casos extremos temos algum transtorno mental. Temos dois casos extremos e opostos: pessoas que não conseguem dizer não e pessoas que dizem não para praticamente todo mundo. No caso de design de jogos ou de níveis, se você não é capaz de dizer não, como vai inserir as suas ideias no set? Você nunca vai conseguir ser pro-ativo se sempre diz sim para tudo (aceitando tanto passivamente quanto ativamente). No outro extremo, se você nega as opiniões de todos e fica preso às próprias opiniões até o fim. Como você conseguirá colaborar com os outros ou até mesmo aceitar a colaboração alheia então? Infelizmente eu não tenho uma resposta para isto. Eu diria que se você pode ao menos ouvir as vozes dissidentes e compará-las com as suas crenças e ideais. Pelo menos você fez o esforço de ouvir e processar. Um dos maiores desafios dos transtornos de personalidade é que estas pessoas possuem uma capacidade bastante reduzida de ouvir e processar.

O que Sam diz sobre escutar as vozes dissidentes é quase a mesma discussão que temos na própria sociedade sobre racismo, preconceito, sexismo e por aí vai. Dentro de uma empresa de desenvolvimento de jogos nos colocamos em risco se deliberadamente escolhemos silenciar essas vozes ou ignorá-las. Eu acho que a lição de Sam é que vozes dissidentes são uma coisa boa porque, em última instância, precisamos delas para identificar injustiça, infelicidade, insatisfação, que elas estão vendo e nós não.

Eu vou adicionar algo que é mais pessoal do que uma verdadeira sabedoria. Se você odeia o que faz provavelmente o seu público-alvo irá notar. Não importa quanto esforço você faça para esconder aquele ódio. No caso de design de níveis, se eu fosse odiar um certo nível em que esteja trabalhando, eu não faria um investimento para que ele fosse o melhor nível possível. Não daria certo.