Deficiências invisíveis no ambiente de trabalho

From Henry's personal library
(em inglês)

A primeira parte me chamou a atenção porque, quando criança, ele disse que nunca considerou as suas doenças autoimunes como limitadoras. Por quê? Não vejo outra explicação senão a criação. Na minha pesquisa sobre o narcisismo eu encontrei tanto pessoas que conseguem superar quanto as que se fazem de vítimas. Depende muito de como você encara o mundo e a si mesmo. Definitivamente não é um caminho pré-estabelecido pela biologia. O ambiente e o social pesam muito na construção dos comportamentos e da mentalidade. Tenho a crença de que não existe uma causa única: "culpa deste gene, culpa dos pais, culpa da escola". Não!!! Podemos primeiro parar de apontar culpados? Em função do meu conhecimento sobre o narcisismo, culpar tudo aquilo que não seja a si mesmo é um grande problema de pessoas exageradamente auto-centradas e egoístas em geral. Bem como um excesso de auto-culpa também indica sérios problemas mentais.

A interpretação que tenho da mensagem por trás do vídeo é que devemos evitar rotular as pessoas e evitar estereótipos. Mal-entendidos e falsas premissas são a causa de erros de diagnósticos para exemplificar. Quando temos falsas premissas e mal-entendidos demais. É aí que permitimos que o preconceito turve a nossa visão e, em casos extremos, dá origem ao racismo, xenofobia e guerras. Para dar um exemplo prático de viés e falsas premissas. Temos a tendência de pré-julgar que uma pessoa é incapaz de realizar uma tarefa baseado numa deficiência visível. Mas e quando a deficiência não é visível? Aí é que mora o problema! Se não podemos ver temos a tendência de achar que uma baixa performance ou resultados de baixa qualidade são deliberados, ou ao menos explicados por falta de vontade. É exatamente isso que acontece com um transtorno mental extremamente comum chamado depressão. A depressão não é controlada por força de vontade. Deficiências não são escolhas.

Aprender sobre o narcisismo me revelou que eu tinha um viés muito parecido com o preconceito. Pessoas boas e más não são definidas por transtornos, deficiências físicas ou doenças. Temos uma tendência de ver as coisas sem profundidade e julgar com base em estereótipos. De tal forma que já criamos a expectativa de que deficiências significam baixa qualidade ou performance. Ou então, ter pena de pessoas deficientes. Este é o ponto do vídeo do Jason Reid. Mas e se a deficiência é invisível? Aí nós temos um forte viés que nos faz associar o que é visível com a performance, surgindo então falsas premissas sobre aquela pessoa. No caso de uma deficiência invisível é comum pensar que a baixa performance é causada por preguiça, falta de cuidado, pavio curto, etc. O viés também é forte na associação entre pessoas boas e más e transtornos. No caso do TPN (Transtorno de personalidade narcisista) este é um equívoco. Toda pessoa cega é uma pessoa legal que jamais mentiria ou roubaria? Não é bem assim. Alguns tipos de criminosos sabem desse tipo de viés e se aproveitam disso para não serem descobertos.

Na escola eu costumava escrever redações defendendo que pessoas com deficiências e atletas compartilham do mesmo traço de superação na vida. Hoje, décadas depois, tenho uma opinião bem diferente sobre isso. Eu acreditava que uma pessoa sem uma perna ou braço nunca seria criminosa e que todo crime violento é praticado por pessoas más. Por sua vez, pessoas más são afetadas por alguma condição mental. Este viés é exatamente o mesmo que nos faz acreditar que entre negros e brancos, os negros são suspeitos em potencial e mais do que os brancos. O Dr. Guido Palomba é uma psiquiatra forense brasileiro famoso que advoga contra esse senso comum de que crimes e transtornos mentais são causa ou consequência um do outro. Para crimes chocantes e bizarros essa relação é verdadeira, mas são a exceção da regra.

Pessoalmente eu discordo de que deficiências são superpoderes, mas esta é uma questão diferente que não vou discutir aqui. Minha posição atual é de que deficiências são deficiências e se a pessoa deficiente é boa ou ruim em algo, depende muito da saúde mental. Porque sem saúde mental uma pessoa perde oportunidades, empregos ou relacionamentos de uma forma ou de outra. Eu acho que o que Jason Reid defende é que muitas vezes o ambiente impacta fortemente no desempenho das pessoas no ambiente de trabalho. Em outras palavras, frequentemente pequenas mudanças no ambiente são capazes de impactar profundamente e positivamente as pessoas. Eu sintetizaria o vídeo do Jason nesta pergunta: Estamos exigindo que as pessoas se adequem ou pode o ambiente se adequar às necessidades das pessoas?

Por último, como desfazer vieses? Eu não sei. O que posso dizer é que vieses surgem a partir de fatores ambientais como a TV, jornais, a mídia, as redes sociais, a sua vizinhança e famílias. Eu diria que tentar mudar o ambiente inteiro por si, sozinho, está fora de questão. Olhe para si primeiro. Questione crenças se puder. Muito frequentemente temos crenças que nem ao menos sabemos que temos e o primeiro passo é reconhecê-las. Faça o esforço de ver as coisas de uma perspectiva diferente da sua. Para citar a música de Michael Jackson “Se você quer fazer do mundo um lugar melhor, olhe para você mesmo e depois faça essa mudança”.

Curiosidade: Como eu encontrei o cara do vídeo? Eu estava procurando por outra pessoa que tem o mesmo nome e que trata de outro assunto importante que é a prevenção do suicídio em crianças. Este cara aqui: https://www.youtube.com/watch?v=PW7Cx3iYYLk

Outra curiosidade: Eu sou bom de escrita como o Jason Reid (o canadense). Mas eu nunca pensei em ser jornalista ou escritor. Novamente, fatores ambientais e sociais. O meu caminho é totalmente diferente do dele.