Transformações de gráficos de funções
Dependendo de como você aprendeu (ou pior ainda, não aprendeu nada!!) funções na escola, os gráficos podem ser um grande desafio a ser superado. Quando resolvemos equações estamos fazendo contas aritméticas básicas e, na maior parte do tempo, sem pensar no gráfico. Unindo a visualização gráfica com operações aritméticas simples conseguimos uma interpretação mais completa dos problemas.
Os livros que eu conheço não trazem muitas explicações a respeito da transladação de funções. Eles somente listam as propriedades, dão exemplos, mas não aprofundam. Eu achei que o conceito de função composta ajudaria a evitar confusões com o sinal de menos em alguns casos.
Em alguns trechos eu menciono a álgebra linear porque tem conceitos da álgebra linear que ajudam a entender o que acontece com funções quando transformamos seus respectivos gráficos com algumas operações. Os professores de cálculo frequentemente mencionam que multiplicar uma função por uma constante é uma "operação ou transformação linear" sem dar maiores explicações. Linear diz respeito à deformação do gráfico ser constante. O gráfico não é "destruído" no sentido de perder o seu formato original, como curvas sendo esticadas ou retas curvadas por exemplo. Não-linear diz respeito a um fator de deformação que não é constante. O gráfico perde a sua forma original, com perda das suas proporções originais.
Transladando o gráfico para cima / baixo
Refletindo o gráfico na vertical
Deformando o gráfico
Reflexão horizontal do gráfico
Transladando a função lateralmente
O primeiro modo de explicar isto é bem simples. O que queremos é: para cada [math]\displaystyle{ n }[/math] passos que dermos em [math]\displaystyle{ x }[/math] para a direita, queremos que cada um dos pontos do gráfico se desloque de acordo, sem ir para cima ou para baixo, nem aumentando ou diminuindo a distância entre eles. Suponha que apliquemos [math]\displaystyle{ n = 1 }[/math]. Calculamos [math]\displaystyle{ f(1), \ f(2), \ f(3), \ ... }[/math]. No eixo horizontal estamos indo para a direita numa taxa constante de 1. Porém, no eixo vertical, cada imagem esta se deslocando para cima porque estamos calculando [math]\displaystyle{ x^2 }[/math]. Ou seja, queremos que [math]\displaystyle{ f(1), \ f(2), \ f(3), \ ... }[/math] se mantenham na mesma altura antes e depois de darmos um passo para a direita. Como "consertamos" isto? Fazendo a operação inversa, subtraindo 1 de cada argumento da função para que assim os pontos da imagem se mantenham nas suas respectivas alturas originais. Em outras palavras [math]\displaystyle{ f(1 - 1), \ f(2 - 2), \ f(3 - 3), \ ... }[/math]. Portanto, para deslocar o gráfico da função para a direita por [math]\displaystyle{ n }[/math] unidades nós mudamos o argumento para [math]\displaystyle{ (x - n) }[/math]. O mesmo raciocínio é aplicado para deslocar a função para a esquerda, agora com um sinal de "+" no lugar de "-".
[math]\displaystyle{ g_2(x) }[/math]. Eu usei um índice para diferenciar a função entre antes e depois da transladação.
A segunda forma de explicar isto envolve taxas de variação e a função composta. Use a função identidade e sobreponha-a com a parábola. Elas se interceptam na origem e em [math]\displaystyle{ n = n^2 = 1 }[/math]. Vê o triângulo retângulo formado pelos pontos de origem, [math]\displaystyle{ f(n) = g(n) }[/math] e [math]\displaystyle{ n \ ? }[/math] Agora desloque as funções para a direita. O triângulo permanece intacto, o que significa que não alteramos a taxa de variação de ambas as funções. A raiz das funções, por outro lado, mudou de [math]\displaystyle{ f(0) = g(0) = 0 }[/math] para uma uma nova posição em [math]\displaystyle{ n }[/math]. Como a taxa de variação da função identidade é constante, temos que [math]\displaystyle{ g(x \pm n) = x \pm n }[/math]. Ao deslocarmos a função identidade para baixo por [math]\displaystyle{ n }[/math] unidades, a sua raiz se desloca para a direita por [math]\displaystyle{ n }[/math] unidades também. Qual é a função que passa pelos pontos [math]\displaystyle{ (0, \ -n) }[/math] e [math]\displaystyle{ (0, \ n) \ ? }[/math] É [math]\displaystyle{ g_2(x) = x - n }[/math]. Para o vértice da parábola coincidir com a raiz de [math]\displaystyle{ g_2 }[/math] temos que [math]\displaystyle{ f_2(g_2(x)) = (x - n)^2 }[/math]. Queremos que tanto a parábola quanto a linha reta tenham a mesma altura igual a zero ali. Esta é uma forma gráfica de entender funções compostas.
Deslocando funções pares ou ímpares
[math]\displaystyle{ \ \ \ f(x) = f(-x) }[/math]. Função par.
[math]\displaystyle{ -f(x) = f(-x) }[/math]. Função ímpar.
Tanto funções pares quanto ímpares são simétricas, mas não é somente por isto que elas são pares ou ímpares!
Uma função par continua par se você multiplicá-la por uma constante. O mesmo vale para funções ímpares. Pense um pouco. O fator de deformação da função é constante, o que preserva a simetria no que diz respeito aos eixos vertical e horizontal.
Deslocar uma função para cima ou para baixo pode ou não preservar o fato da função ser par ou ímpar. Observe como os pontos da parábola se comportam quando deslocamos o gráfico para cima ou para baixo. É fácil ver que ela permanece uma função par. Por outro lado, a função identidade perde a propriedade de ser ímpar ao fazermos o mesmo.
Deslocar a função para a direita ou esquerda preserva a simetria e o formato do gráfico, mas a função deixa de ser par ou ímpar. Pense um pouco. Se deslocarmos a parábola lateralmente não mudamos o formato do gráfico. Porém, alteramos o argumento. Pegue dois pontos, [math]\displaystyle{ a \neq b }[/math], tal que [math]\displaystyle{ f(a) = f(b) }[/math]. Depois da função ser deslocada lateralmente, não temos mais [math]\displaystyle{ |a - 0| = |b - 0| }[/math]. O mesmo acontece com funções ímpares. Isto é, a distância entre dois argumentos é preservada quando a função é deslocada lateralmente. Por outro lado, a distância entre um argumento e a origem e o outro argumento e a origem, deixa de ser uma igual à outra.