Permita-se o tempo
Mark aconselha que design num mundo corporativo é centrado em prazos. Todas as vezes que ele começa a trabalhar num set, uma das primeiras perguntas que ele se faz é "É para entregar quando?". Com o tempo sendo muito importante, frequentemente caímos num ímpeto de não querer perder um minuto se quer e isso significa trabalhar o tempo todo. Para a maioria das pessoas a criatividade precisa de tempo e correr com as coisas cria um cenário desfavorável para a criatividade. Mark diz que a criatividade dele não funciona sob pressão, mas também não afirma que todos são como ele e que para algumas pessoas pode ser que a criatividade funcione junto da pressão. Porém, a tese que ele defende e eu concordo é que a criatividade é melhor aproveitada quando não há pressão, pois as soluções que aparecem assim costumam ser melhores.
O que ele afirma é que o fato de termos prazos e pressão não significa que não podemos deixar a criatividade fluir naturalmente. O segredo é saber planejar e encontrar janelas nas nossas rotinas que permitam deixar a criatividade solta. O erro que as pessoas cometem é que elas acreditam que as coisas simplesmente acontecerão sozinhas e as ideias simplesmente aparecem quando precisamos. Por quê? Porque todos temos um tempo limitado. Nossas mentes e emoções não gostam de limite de tempo. Nossas mentes e emoções precisam de tempo. Nunca planejar e organizar é a pior forma de perder tempo.
Eu me identifico em muitas coisas com o Mark. Quando eu estava na faculdade, cursava uma graduação em ciências aplicadas e percebia como é importante saber gerenciar o tempo. Precisamos saber usar o tempo a nosso favor. Frequentemente temos muitas matérias para estudar por semestre e não há uma receita que funcione para todo mundo. O que posso garantir é que a menos que você adote uma rotina com horários rígidos, você provavelmente não dará conta. Você precisa observar a si mesmo e os horários da graduação para organizar o seu dia. Para fazê-lo você precisa programar os seus horários de dormir, de leitura, de escrita de trabalhos, etc. Sacrifícios serão necessários e se for preciso sacrifique saídas com amigos, horários de academia, etc. As atividades precisam ter prioridades. É possível ajustar como sair com amigos menos frequentemente ou mudar para uma academia mais próxima. De qualquer forma, você precisa ajustar as prioridades e definir o que é mais importante. Há pessoas incapazes de se organizar e isso pode ter relação com áreas do cérebro que não funcionam bem. O fracasso extremo em se programar ou em seguir horários pode ser um sintoma de alguma coisa.
Eu já tive uma professora de cálculo que dizia que dormir era a solução para resolver problemas matemáticos. Parece contraditório, mas é sobre paz ou descansar. Quando estamos sob pressão e tentamos resolver um problema de cálculo ou física na força bruta. Provavelmente não conseguiremos com mais pressão. Deixe o problema para depois e pare de insistir. Com muita frequência a solução vem naturalmente quando não estamos pensando naquele problema. Isso acontece tomando banho, escutando música, passeando no parque ou apenas olhando para a céu sem fazer nada. Andre Willes, quem resolveu o último Teorema de Fermat que já durava séculos, costumava andar pela floresta e é nesses momentos que a nossa mente está criando conexões inconscientemente. A pressão atua contra criatividade e esse argumento é mais ou menos o mesmo que explica por que erramos questões ou esquecemos a resposta numa prova. Quando estamos sob pressão as nossas mentes perdem o foco, seja porque nos concentramos num detalhe ou porque estamos tentando focar em muita coisa ao mesmo tempo. Estas são as situações em que esquecemos o que já aprendemos e acabamos entrando em pânico porque não lembramos da resposta.
Se você não consegue lidar com muitas matérias num semestre, abdique de algumas. Tome o tempo necessário para aprender menos matérias, mas melhor. Este é um erro muito comum na faculdade. As pessoas se matriculam em matérias demais porque acham que dão conta, querem provar alguma coisa, querem terminar a graduação logo ou ignoram o peso somado de todas as matérias. Eu digo isto com conhecimento de causa. Quando corremos com as coisas e sem planejar, você provavelmente levará muito mais tempo para terminar o que quer que tenha que terminar. Se você tem a escolha de excluir algumas matérias porque não dá conta de muitas aulas. Faça-o! Eu acho que uma das formas de olhar para esta questão é perguntar "Qual o melhor que posso fazer com o tempo disponível?" no lugar de "Será que dá pra ter mais tempo para fazer isto?".
Eu resumi e comentei o livro "Solving the procrastination puzzle" aqui. Na maior parte do tempo que procrastinamos a razão é o medo. É o medo que nos faz postergar sempre que podemos. Temo que reconhecer o medo e aprender com ele. Infelizmente eu não posso dizer a você como. O tempo é curioso porque nem sempre a resposta é ter mais tempo. Suponha que eu tenho um ano para criar uma carta de magic. Eu posso afirmar desde já que a maior parte do ano não será usada para criar a carta. Tempo demais para fazer algo tem o efeito contrário ao esperado. O Mark fala muito sobre as restrições alimentarem a criatividade e isso é verdade para restrições de tempo. Eu acredito que há um limiar, um ponto em que a limitação de tempo é exagerada. Mas também acho que podemos fazer previsões melhores baseadas em quão rápido podemos fazer algo. Precisamos de metas mais curtas, algo como um dia ou uma semana, para fazer uma análise de quão rápido podemos ser e assim fazermos previsões melhores.
Para concluir, que acho que Mark está certo em precisarmos de tempo para pensar e tempo para sentir. Para dar um exemplo extremo: se estivermos tristes ou arrasados porque perdemos algo importante como nossa casa, amigo(a) ou animal de estimação. Precisamos sim de tempo para nossas mentes processarem as emoções e forçar a aceleração deste processo não funciona. Também não podemos simplesmente bloquear a emoção, porque isso é até pior. O tempo é necessário e levaremos tempo para processar. Quando Mark diz para nos permitir tempo ele não dá dizendo que há uma mágica capaz de alongar o tempo. O que ele quer dizer é que se pudermos achar uma janela de tempo, podemos relaxar e tomarmos tempo naquela janela.