O ego é seu inimigo: Difference between revisions

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O livro é bom para ler e pensar, mas é muito superficial. O que o autor fez foi contar histórias de sucesso e fracasso e o que o ego tinha a ver com tudo. Não tem uma discussão profunda. É como um livro que relata na prática o que o ego faz. Mas se você procura por psicologia ou filosofia não vai encontrar nada no livro. É um livro pequeno e fácil de ler. Tem três partes: aspirações, sucesso e fracasso. Cada capítulo conta uma história do ego fazendo seu estrago no caso de um imperador, um general, algum empresário famoso. No caso das histórias bem sucedidas o livro trata de como o ego não se tornou um empecilho e a virtude da humildade. Mas se você procura algo sobre emoções, psiquismo e relações humanas esse livro não tem nada sobre esses assuntos.
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O livro é bom para ler e pensar, mas é muito superficial. O que o autor fez foi contar histórias de sucesso e fracasso e o que o ego tinha a ver com tudo. Não tem uma discussão profunda. É como um livro que relata na prática o que o ego faz. Mas se você procura por psicologia ou filosofia não vai encontrar nada no livro. É um livro pequeno e fácil de ler. Tem três partes: aspirações, sucesso e fracasso. Cada capítulo conta uma história do ego fazendo seu estrago no caso de um imperador, um general, algum empresário famoso. No caso das histórias bem-sucedidas o livro trata de como o ego não se tornou um empecilho e a virtude da humildade. Mas se você procura algo sobre emoções, psiquismo e relações humanas esse livro não tem nada sobre esses assuntos.


== Prólogo doloroso ==
== Prólogo doloroso ==


Com 19 anos ele abandonou a faculdade e teve uma carreira de sucesso precoce. O executivo mais jovem de uma agência de talentos de Beverly Hills (um paraíso dos ricos, milionários). Contratos milionários, livro publicado. Aos 25 anos ele já era milionário e um sucesso, com direito a série televisiva contando a sua história. que ele esta omitindo os insucessos, os prejuízos milionários, a carga de estresse e hospitalizações.
A história do Chris Gardner contada no filme “A procura da felicidade” pode ser romantizada demais. Enfatiza atos de heroísmo. Lutar contra tudo e contra todos. Dormir em banheiros. Até que um dia a sorte chega. Adento: isso é mais uma interpretação pessoal, porque depende das suas crenças. Isso é o que algumas igrejas fazem com aquelas correntes de energia e aquele monte de gente passando num caminho de sal com os pastores com as mãos para cima, supostamente mandando energias positivas do além. O que vejo como mais importante é como o Chris lidava com tudo aquilo e as decisões que ele toma.
 
Se o Mark Rosewater fosse inflexível a ponto de negar a opinião de todo mundo ele não estaria no Magic, já teria caído faz tempo. Uma das coisas que ele faz é reavaliar as decisões feitas todo ano dando um discurso na empresa. Ele valoriza muito as lições que cada erro traz. Cartas erradas servem de lições e com milhares de cartas feitas são muitas lições.
 
Li umas coisas sobre transtorno de personalidade e uma das explicações é que a pessoa desenvolveu o transtorno como forma de adaptação. Se for olhar, um psicopata simplesmente não se importa com ninguém e isso vem associado a não se importar com o que os outros fazem. Megalomania e senso de superioridade, de certa forma, são defesas contra fracassos. Delírios e alucinações também podem ser interpretados como uma defesa contra a realidade hostil. Aí que em casos extremos é impossível desfazer essa defesa e você não consegue tratamento de jeito nenhum. A fundação dessas personalidades muito extremas é forte e até demais.
 
Se pensar no inverso também existe rigidez na forma de inferiorizarão, vitimização ou mesmo acreditar em poderes sobrenaturais. Quando a pessoa tem isso muito enraizado é difícil mudar. Se a pessoa vive normalmente com crenças absurdas, não tem muito o que fazer se a vida dela não tem grandes problemas.
 
= Aspirações =
 
A ideia geral dessa parte do livro é a de que as motivações de sucesso, conquistas e vida de uma pessoa precisam estar fundamentadas em princípios que não sejam egoístas. Todo mundo pode ser ou é ambicioso em algum momento. Todo mundo almeja alguma conquista ou objetivo. O problema é quando os valores que a pessoa segue são mais egoístas, egocêntricos, dependem da validação de terceiros, depende de obtenção de poder e fama. O ego quer tudo isso. A sociedade estimula tudo isso. O oposto é valorizar o autocontrole, a ética e a moral.
 
Pessoas cheias de si, autocentradas e que buscam o tempo todo a validação e o reconhecimento costumam se perder no próprio ego. O ego se torna um obstáculo contra si mesmo. Pessoas assim são tão auto absorvidas que perdem o contato com a realidade e podem até desenvolver delírios e paranoias. O autor quer que você pare de acreditar no mito do gênio que nasceu superdotado, seguro de si mesmo e que obtém sucesso por causa de uma força maior do destino. Também quer que você pare de acreditar no mito do artista que sofre, chora e se sacrifica em prol do próprio trabalho.
 
Do que eu li sobre personalidade narcisista, uma das grandes falhas dessa personalidade é o teste de realidade. A pessoa vive numa ilusão mental de conquistas e desejos que precisam o tempo todo de validação. Daí por exemplo tem aquela pessoa que precisa ser rodeada de aplausos, como se a vida dependesse só disso. Ou aquela que fica o tempo inteiro numa espécie de fábula de ser líder, chefe e nunca é ou nunca chega lá. Outra coisa comum nessa personalidade é sentir que você nasceu para aquilo e mesmo que você faça coisas erradas ou não tenha resultados bons, continua numa ilusão permanente de achar que aquilo tudo é para você. Se alguém te diz o contrário, você minimiza ou desmerece. As opiniões dos outros não valem de nada.
 
O livro cita exemplos da história da Guerra Civil americana, Napoleão Bonaparte, Shakespere e Isocrates. Mas não discute nada sobre filosofia ou psicologia. Não fala nada sobre cognição ou treinamento de habilidades. O Van Gogh é um dos mais famosos pintores e todos sabem que ele sofria de algum transtorno mental sério. Mas se ele era bom por ter um transtorno ou não é outra história. A história do Chris Gardner é de vencer obstáculos, mas cuidado com a interpretação do sacrifício e da penúria. Tem uma cena no filme que o Chris não bebe água para não perder tempo indo ao banheiro. Isso num curto prazo vai dar problemas sérios de saúde mesmo e sacrifício assim pode ser um tiro contra si mesmo.
 
== Falar, falar falar ==
 
Eu já devo ter lido em várias reportagens sobre atletas de alta performance a mesma coisa: nunca cante vitória antes da hora. Eu também já percebi como blog custa muito pra manter. O problema maior não é o dinheiro, mas publicar sempre. Parece que tem pessoas que estão tão preocupadas com publicar sobre alguma coisa que esquecem de fazer. Em fóruns de criação de jogos eu já vi e passei por isso. Você cria um tópico e contar o progresso e atualizar acaba sendo tão trabalhoso que você perde muito tempo com isso.
 
Já devo ter lido em alguma reportagem sobre vestibular de alguns casos de pessoas que estavam bem nos simulados e até foram bem na prova. Mas como a concorrência era alta, não passaram. Devo ter lido isso em alguma entrevista do Etapa de alguém que admitiu que não passou em medicina por culpa do ego. Foi bem na prova, mas não tanto quanto precisava.
 
Uma das coisas que eu li sobre a personalidade narcisista é que são pessoas que adoram falar de si mesmas. Não param de se auto engrandecer e exaltar a si próprias. No caso de um narcisista negativista é falar de si como se todo azar ou desgraça do mundo fosse com si mesmo. Como se a vida dependesse disso. Todo mundo que é assim é um caso de transtorno de personalidade narcisista? Nem sempre. Pode ser apenas um traço.
 
== Ser ou fazer? ==
 
Muita coisa que o Mark Rosewater diz sobre design é sobre ego e uma das coisas é querer provar que você pode. Algumas cartas foram feitas pensando assim e deram errado. Uma coisa no desenvolvimento de jogos é querer fazer algo para satisfazer a si mesmo, o que acaba invariavelmente deixando o público do jogo em segundo plano.
 
No meio acadêmico existe a frase ''“Publique ou morra”''. Onde o que é valorizado é a publicação de artigos e quanto mais ou quanto maior o impacto, melhor. Isso sacrificando a sua saúde, amizades, família e o que mais for necessário. Estudantes também podem passar por isso quando notas e currículo assumem tanta importância que todo o resto, vida, relações sociais, saúde, acabam sendo sacrificados por causa disso.
 
Os fins justificam os meios. Essa é uma boa definição para um líder megalomaníaco ou alguém perverso e mau. Um psicopata por exemplo. Fazer tudo que estiver ao seu alcance para obter poder. Pessoas assim não medem as consequências dos próprios atos e isso só acontece porque não existe questionamento moral em primeiro lugar. Não importa a pátria, a honra ou o dever. O que vale é o poder, o quanto você ganha e o orgulho por aquilo que você fez independentemente de ser questionável ou antiético. A pessoa pode ser assim desde sempre ou se tornar assim por causa de forças externas. ''(Isso tem variações dependendo da cultura. Não são conceitos absolutos)''
 
== Torne-se um aprendiz ==
 
Os transtornos de personalidade têm uma falha de autocrítica. Pesquise pelos conceitos de egosintônico e egodistônico. A pessoa tem uma falha na autopercepção. Se perceber as próprias falhas fosse imediato, o próprio transtorno seria resolvido. Na verdade, qualquer transtorno deixaria de existir se a capacidade de se autocorrigir fosse inata a qualquer um. Pra isso que existem tantos médicos, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, conselheiros, etc. Tem um limite no quanto uma pessoa consegue ver de si mesma. Dependendo de como o ego se defende a pessoa pode ser rígida a tal ponto que mudar é impossível.
 
Eu já devo ter lido alguma reportagem sobre vestibular falando que uma das reações que acontecem é o candidato pôr a culpa na prova. Estudou e fez a prova, mas faltou pouco ou muito pra passar e a reação inicial é culpar a prova. Em alguma medida toda prova é injusta. Mas também xingar a prova não leva a lugar nenhum. O sistema de seleção justo para todo mundo e ideal não existe. Achar que você sabe mas não sabe, isso já deve ter acontecido com todo mundo pelo menos uma vez na vida.
 
== Não seja apaixonado ==
 
Assisti algumas entrevistas do canal Investigação criminal e 99.99% dos crimes são cometidos por razões de emoção. O que não deve ser surpresa pra ninguém. Transtornos mentais causam crimes? Em alguns casos sim, mas é um percentual pequeno segundo os dados mais confiáveis que se tem. Uma das pessoas que dizem isso é o Dr. Guido Palomba e outros especialistas forenses. O percentual dos crimes que tem relação com transtornos mentais, poucos a pessoa perdeu a consciência de si, a grande maioria mantém a consciência mesmo com o transtorno.
 
Todos os transtornos de personalidade tem relação com emocional. Se pesquisar pela definição das emoções mais básicas como medo, ódio, felicidade, tristeza, etc. Nos transtornos de personalidade elas são confundidas umas com as outras. Esse é um problema. Fica difícil diferenciar. A própria percepção da pessoa é alterada e o que ela vê como paixão, pode ser outra coisa pra todo mundo em volta. Uma pessoa desprovida de emoções é impossível. Levar todas ou algumas emoções a um extremo, é aí que começam os transtornos como paranoias de perseguição por exemplo. Tem uma relação com o apego também.
 
Acompanhando o Pedro Calabrez e o Ricardo Ventura e ambos têm uma opinião sobre seitas, organizações obscuras, fórmulas de sucesso e curas milagrosas. Ou a pessoa está em desespero completo e acredita em qualquer coisa. Ou a pessoa tem tanta fé e/ou tanta paixão por aquele assunto que cai fácil em qualquer cilada ou golpe. Nos dois casos o problema é o mesmo, emoção demais.
 
Se pensar nos discursos do Hitler dá pra notar que ele põe muita paixão nas ideias dele. Muita força com discursos de impacto.
 
== Siga a estratégia do quadro branco ==
 
Este capítulo e o anterior versam sobre humildade e aprendizado. Essa estratégia de começar pequeno e ir crescendo também pode ser usada por pessoas malignas. Tem caso de relacionamento abusivo que começa com uma pessoa que se mostra frágil e inofensiva, mas depois se mostra arrogante e prepotente. Vários tipos de golpes funcionam assim. A pessoa que dá o golpe faz ofertas irrecusáveis ou conta uma história falsa de que ela é carente ou necessitada e muita gente acredita. Todo tipo de assassino em série ganha a confiança primeiro antes de agir. É sempre assim. Tem vários livros sobre a arte de seduzir e manipular, tanto no bom sentido quanto no mal sentido.
 
Tem dois canais famosos: o ''"Não minta pra mim"'' e o ''"Metaforando"'' dedicados a descobrir mentiras. Tem muitas controvérsias se são ciência ou não, mas o fato é que existem técnicas de manipulação e sedução que são inatas ao comportamento humano e não são novas. Milhares de anos atrás já existiam. O que é possível dizer é que não tem uma técnica só, são muitas formas diferentes e não tem a fórmula mágica que pega qualquer mentira. Tem muita semelhança com relacionamento abusivo e uma regra é: relacionamento abusivo nunca começa abusivo. Começa como se fosse perfeito e é esse o problema. Demora até o abuso começar e nunca começa de maneira óbvia. Quando a esmola é demais, o santo desconfia.
 
Ainda sobre isso, o Alan Mocellim alerta sobre a inocência. O problema do relacionamento abusivo é que os primeiros abusos não parecem abusos. Se a pessoa demora a acreditar ou simplesmente vive uma ilusão de não querer acreditar que aquilo é abuso, o problema vai escalando cada vez mais. Imagino que o mesmo acontece numa empresa. Assédio, chantagens, exploração e humilhações valem a pena por uma promoção? Você abandonaria os seus valores em troca de um cargo? No meio artístico tem histórias de abuso assim com celebridades que passaram por maus bocados enquanto alguém se aproveitava da fama alheia.
 
A descrição da personalidade narcisista é de alguém que se recusa a estar abaixo de outra pessoa. O(a) narcisista precisa estar acima, sempre. Se isso esta associado com ostentação ou não, não sei. A descrição da personalidade passivo agressiva é semelhante. Diz que é alguém que se recusa a cumprir ordens. A descrição da contradependência é alguém que, como diz o nome, não quer depender dos outros. Mas isso é em relação a relacionamentos afetivos. Independência e isolamento não são a mesma coisa em termos de comportamento humano.
 
Fazer um trabalho ''"invisível"'' tem várias vertentes. Alguns professores já me falaram que o trabalho de quem cria modelos ou que faz testes práticos é muito importante. Wsta na base de várias coisas que são criadas. Mas ninguém quer fazer porque é um trabalho que não rende fama ou reconhecimento. Geralmente são trabalhos chatos, manuais e repetitivos. Similar a isso, a profissão de professor é uma que isso acontece. Dependendo do país e da cultura um professor é muito ou pouco valorizado. O ponto que o autor do livro quer chegar é que se formos arrogantes, esnobes ou preconceituosos, não poderemos começar por baixo para depois crescer. O ego não quer se sujeitar a isso porque sempre acha que merece mais e melhor. Mesmo depois de chegar no topo o ego continua sendo um perigo, pois pode ser o que nos derruba.
 
== Se contenha ==
 
Eu já tinha lido sobre soberba e presunção em várias coisas sobre atletas de alto rendimento. O preparo psicológico pesa muito e até mais do que o físico. Também não é muito diferente de professores de cursinho dizendo que o estado mental influencia na hora do vestibular. Coisas que eu li sobre transtornos de personalidade também são parecidas. O autocontrole é uma falha nesses casos. Por ex: borderline tem um problema com as emoções muito grave. Psicopatas também e aqueles casos de assassinos em série a pessoa tem o impulso de matar totalmente fora de controle.
 
== Saia da sua própria cabeça ==
 
Eu assisti um vídeo de um canal de transtorno borderline e narcisista e o especialista (Frank Yeomans) disse que uma maneira de explicar as ilusões e fantasias de um narcisista é a de que a realidade é agressiva. Para se defender a mente do narcisista cria um filtro da realidade que favorece a si mesmo o tempo inteiro. Seria uma explicação bem parecida com pessoas paranoides. Nesse caso a pessoa tem um filtro de que existem ameaças ou que o mundo é uma ameaça e daí vem uma barreira mental de proteção contra essa ameaça. Não cheguei a ver sobre isso, mas já vi alguma tese por aí de que grandes líderes megalomaníacos podem misturar traços de psicopata, narcisista e paranoia numa mistura que explicaria guerras com massacres de milhares ou milhões de pessoas.
 
Já vi alguns especialistas comentando a esquizofrenia e, por alguma razão, o esquizofrênico criou uma fantasia na cabeça e daí você tem casos de mania de perseguição por ex. A pessoa realmente acredita que tem uma câmera onde não tem nada, que um vizinho esta tramando contra, que um parente esta querendo matá-lo(a), etc. É curioso que enquanto um esquizofrênico teria muito muito medo de estar sendo perseguido por ex,  um narcisista pode ter um senso de importância tão inflado que ele(a) pode achar que todo mundo dá importância pra ele(a). É como se um narcisista se sentisse num desfile eterno.
 
Uma vez eu lembro de ter visto numa comunidade de jogos um cara falar que a empresa fez o jogo, que ele jogava, mal-feito. Até aí tudo bem. Mas a justificativa dele era que a empresa fez o jogo errado de propósito porque odeia jogadores como ele. Tipo que???? Nunca vi tamanho egocentrismo. Por que diabos uma empresa faria um jogo pensando em prejudicar uma certa classe de jogadores??? Não faz sentido nenhum. Isso é uma das coisas mais comuns do mundo. Criticar empresas, pessoas, produtos ou serviços baseados em comparações com você mesmo. Mas a régua tem uma escala que só vale para você.
 
== O perigo do orgulho precoce ==
 
A ideia básica é a de que o orgulho cega. Te deixa distante da realidade. Você para de aprender e passa a acreditar que é muito mais do que é na verdade. Ele cita uma frase do Genghis Khan ''“Se você não pode engolir o seu orgulho, então você não pode liderar”''.
 
Somos ensinados a nos defender de críticas negativas, de desencorajamento. Mas não somos ensinados a tomar cuidado com elogios excessivos. O caminho para vencer um excesso de confiança e um egocentrismo é o autoconhecimento.
 
Eu vi isso muito com relação a faculdade. Mesmo lá fora nas Ivy league da vida. Você tem um currículo invejável e notas altíssimas. Passa na seleção. Mas lá dentro toma pau nas provas. Ué? Você não era um aluno brilhante na escola? O que aconteceu? Eu devo ter passado por muitas situações de achar que isso ou aquilo era simples quando não era. Uns 99% das pessoas devem ter passado por isso em algum momento.
 
Quase todo relato de um narcisista dá conta que são pessoas com um vazio imenso que precisa eternamente de gratificações, validação. Caso contrário morre. Ao mesmo tempo são pessoas que desprezam qualquer crítica feita e essa é uma das razões para o tratamento ser difícil ou impossível. Os outros transtornos de personalidade também podem apresentar essa mesma resistência. Mas nem todo mundo que é resistente é um caso de transtorno.
 
Uma coisa que eu vi que é um padrão em relacionamento tóxico é que você junta uma pessoa que tem autoestima baixíssima com outra extremamente orgulhosa e cheia de si. Casa bem um com o outro. Porque um lado é desesperado por elogios, por menor que seja. O outro é tóxico e manipula, engana, com muita facilidade.
 
O Pedro Calabrez tem um vídeo falando de humildade e quem é humilde de verdade não se gaba de ser humilde. Eu já vi isso acontecer, alguém que se gaba de ser humilde e não faz isso ou aquilo. Mas eu reparei que isso era uma arrogância meio invertida, disfarçada de humildade. Porque como assim você se gaba de não fazer nada dos que os outros fazem e isso é uma qualidade? Pode até ser, mas teria que ser um ponto fora da curva extraordinário.
 
== Trabalho, trabalho, trabalho ==
 
A ideia geral do capítulo é a de que ter ideias é uma coisa, fazer acontecer é outra e aí que mora o problema. É difícil de fazer dar certo.
 
Isso é o que eu mais vejo em comunidade de desenvolvimento de jogos. Alguém tem uma ideia de fazer um jogo e já sai chamando gente. Mas o jogo nunca fica pronto, quanto mais chega a começar o desenvolvimento. Ter ideia de jogo é fácil. Todo mundo tem ideias. O problema é fazer o jogo. Em alguma comunidade dessas eu lembro de uma discussão com uma pessoa que disse que o jogo, por mais simples que seja, dá um trabalho descomunal pra fazer. Uma vez essa pessoa estava numa empresa e alguém contratado disse que faria o projeto em questão de um mês. Nunca fez.
 
Já vi uma ideia megalomaníaca de um cara por aí que jurava de pés juntos que ele iria fazer um mmorpg revolucionário sozinho e com hardware insuficiente. O pessoal deu risada, trolou, mas o cara ficou um tempo nesse delírio. O cara queria provar para o mundo inteiro que todos estavam errados, que era possível um jogo gigantesco, complexo e tudo com base naquela ideia de que um engine pronto faz tudo pra você. Pior ainda era o delírio de que o jogo não custava um centavo pra fazer, não seria pago e seria autossustentável com base em ''“eu moro em casa com minha mãe”'' (é sério????). Passado uns 5 anos ele admitiu que desistiu e nunca mais voltou.
 
Eu li um pouco sobre transtorno de personalidade obsessivo compulsivo e um dos sinais são pessoas que transformam o trabalho numa obsessão. A pessoa vive em função de trabalhar. Isso é comum, mas a diferença do transtorno é que a pessoa tem uma inflexibilidade tamanha que ela segue métodos rígidos e por mais que ela perca tempo ou seja um método muito complicado, ela continua fixada naquilo. Por que disso não sei. Mas são pessoas de convivência difícil por terem uma verdadeira obsessão por controle de tudo. São pessoas metódicas demais. Isso pode indicar que são pessoas que não confiam no trabalho dos outros. No fundo disso com certeza tem alguma questão de ego lá.
 
Eu li um pouco sobre perfeccionismo e obsessão. Pode ser uma maneira de lidar com o medo do fracasso. Tem dois extremos. Um é refazer e nunca parar de refazer ou de recomeçar. O outro é nem começar em primeiro lugar. Perfeccionismo invariavelmente vem acompanhado de autocentramento. Uma coisa que eu já percebi é que isso pode se manifestar na forma de uma pessoa que critica demais imperfeições ou pequenos detalhes em tudo quanto é coisa ou tudo que os outros fazem.


Auto confiança se transforma em arrogância. Assertividade se transforma em obstinação. Segurança se transforma em abandono repentino. O ego puxa tudo para baixo como se fosse a gravidade. O ego é o inimigo das amizades, do suporte, do sucesso, da longevidade. É um ímã atrator de inimigos.
== Para tudo aquilo que vem depois, o ego é o inimigo ==


O ex CEO, que já morreu, da ITT corporation, Harold Geneen comparou o ego ao alcoolismo. Vicia e quanto mais você se afunda, pior fica. Você perde a noção da realidade, perde o equilíbrio, perde relacionamentos. Fica todo imerso em si mesmo e não aceita opiniões contrárias. Segundo Marina Abramović, uma artista sérvia, “Se você começar a acreditar na sua grandiosidade, é o fim da sua criatividade”.
A ideia central do capítulo é para tomar cuidado com ambição e ego. É muito tentador fazer o pacto com o diabo para ganhar o que você quer, mas em troca vender a alma. Um exemplo de pacto com o diabo são os atletas que usam de trapaça para ganhar.


A cultura atual favorece e muito o ego. As redes sociais estão infestadas de ego-maníacos. Tanto o positivo que exalta a si mesmo e as suas conquistas, quanto o negativo que deprecia e só exibe críticas. Você escreve e publica o que quiser, da forma que quiser e se tiver seguidores, maravilha. Somos induzidos a pensar grande. A sermos ousados e a assumir grandes riscos. Para algumas pessoas famosas o ego funcionou, mas o que não vemos com frequência é o quanto o ego é prejudicial. Histórias de fracassos não são comuns e não geram tanta audiência quanto as histórias de sucesso.
Num vídeo de análise do Ricardo Ventura, do canal ''"não minta pra mim”'', o Ricardo disse que as redes sociais estão cheias de pessoas buscando a perfeição das outras. É uma coisa que o Pedro Calabrez também fala sobre. Todo mundo põe numa rede social aquilo que é mais interessante e não põe o que não quer. Daí você só vê fotos bonitas, lugares perfeitos e tudo que parecer ser uma vida de glamour. Mas é verdade? Ou aquilo é ilusão? Pior que isso realmente tem um peso grande porque tem muita gente mesmo que acredita em tudo que e pode até ser um infeliz por aí que se cobra por uma coisa que não é verdade.


O livro pega exemplos de sucesso e de fracassos. Todos eles giram em torno do ego. A diferença é que muitas das personalidades citadas no livro não perdem a noção da realidade, mantem a humildade e mantiveram a capacidade de aprender com os erros passados. O ego, quando sai do controle, leva a ilusão, fantasias, faz perder o contato com a realidade. Daí tem exemplos como Kanye West e Steve Jobs, que são pessoas com um histórico problemático. O curioso desses casos é que são personalidades que tiveram as melhores ideias e as melhores decisões em momentos em que o ego estava mais controlado, não nos momentos de descontrole.
Uma coisa que eu li em alguns relatos é que a personalidade narcisista não admite concorrência. Não admite que alguém seja melhor. É uma ofensa mortal não ser o(a) melhor. Dentre as reações possíveis de um narcisista tem humilhar, difamar, inversão de culpa, projeção. São pessoas com um egoísmo muito maior do que a média. É doentio. No caso de psicopata mais perverso pode até incluir matar mesmo quem estiver no meio do caminho rumo ao poder ou dinheiro.

Revision as of 18:37, 27 January 2025

O livro é bom para ler e pensar, mas é muito superficial. O que o autor fez foi contar histórias de sucesso e fracasso e o que o ego tinha a ver com tudo. Não tem uma discussão profunda. É como um livro que relata na prática o que o ego faz. Mas se você procura por psicologia ou filosofia não vai encontrar nada no livro. É um livro pequeno e fácil de ler. Tem três partes: aspirações, sucesso e fracasso. Cada capítulo conta uma história do ego fazendo seu estrago no caso de um imperador, um general, algum empresário famoso. No caso das histórias bem-sucedidas o livro trata de como o ego não se tornou um empecilho e a virtude da humildade. Mas se você procura algo sobre emoções, psiquismo e relações humanas esse livro não tem nada sobre esses assuntos.

Prólogo doloroso

A história do Chris Gardner contada no filme “A procura da felicidade” pode ser romantizada demais. Enfatiza atos de heroísmo. Lutar contra tudo e contra todos. Dormir em banheiros. Até que um dia a sorte chega. Adento: isso é mais uma interpretação pessoal, porque depende das suas crenças. Isso é o que algumas igrejas fazem com aquelas correntes de energia e aquele monte de gente passando num caminho de sal com os pastores com as mãos para cima, supostamente mandando energias positivas do além. O que vejo como mais importante é como o Chris lidava com tudo aquilo e as decisões que ele toma.

Se o Mark Rosewater fosse inflexível a ponto de negar a opinião de todo mundo ele não estaria no Magic, já teria caído faz tempo. Uma das coisas que ele faz é reavaliar as decisões feitas todo ano dando um discurso na empresa. Ele valoriza muito as lições que cada erro traz. Cartas erradas servem de lições e com milhares de cartas feitas são muitas lições.

Li umas coisas sobre transtorno de personalidade e uma das explicações é que a pessoa desenvolveu o transtorno como forma de adaptação. Se for olhar, um psicopata simplesmente não se importa com ninguém e isso vem associado a não se importar com o que os outros fazem. Megalomania e senso de superioridade, de certa forma, são defesas contra fracassos. Delírios e alucinações também podem ser interpretados como uma defesa contra a realidade hostil. Aí que em casos extremos é impossível desfazer essa defesa e você não consegue tratamento de jeito nenhum. A fundação dessas personalidades muito extremas é forte e até demais.

Se pensar no inverso também existe rigidez na forma de inferiorizarão, vitimização ou mesmo acreditar em poderes sobrenaturais. Quando a pessoa tem isso muito enraizado é difícil mudar. Se a pessoa vive normalmente com crenças absurdas, não tem muito o que fazer se a vida dela não tem grandes problemas.

Aspirações

A ideia geral dessa parte do livro é a de que as motivações de sucesso, conquistas e vida de uma pessoa precisam estar fundamentadas em princípios que não sejam egoístas. Todo mundo pode ser ou é ambicioso em algum momento. Todo mundo almeja alguma conquista ou objetivo. O problema é quando os valores que a pessoa segue são mais egoístas, egocêntricos, dependem da validação de terceiros, depende de obtenção de poder e fama. O ego quer tudo isso. A sociedade estimula tudo isso. O oposto é valorizar o autocontrole, a ética e a moral.

Pessoas cheias de si, autocentradas e que buscam o tempo todo a validação e o reconhecimento costumam se perder no próprio ego. O ego se torna um obstáculo contra si mesmo. Pessoas assim são tão auto absorvidas que perdem o contato com a realidade e podem até desenvolver delírios e paranoias. O autor quer que você pare de acreditar no mito do gênio que nasceu superdotado, seguro de si mesmo e que obtém sucesso por causa de uma força maior do destino. Também quer que você pare de acreditar no mito do artista que sofre, chora e se sacrifica em prol do próprio trabalho.

Do que eu li sobre personalidade narcisista, uma das grandes falhas dessa personalidade é o teste de realidade. A pessoa vive numa ilusão mental de conquistas e desejos que precisam o tempo todo de validação. Daí por exemplo tem aquela pessoa que precisa ser rodeada de aplausos, como se a vida dependesse só disso. Ou aquela que fica o tempo inteiro numa espécie de fábula de ser líder, chefe e nunca é ou nunca chega lá. Outra coisa comum nessa personalidade é sentir que você nasceu para aquilo e mesmo que você faça coisas erradas ou não tenha resultados bons, continua numa ilusão permanente de achar que aquilo tudo é para você. Se alguém te diz o contrário, você minimiza ou desmerece. As opiniões dos outros não valem de nada.

O livro cita exemplos da história da Guerra Civil americana, Napoleão Bonaparte, Shakespere e Isocrates. Mas não discute nada sobre filosofia ou psicologia. Não fala nada sobre cognição ou treinamento de habilidades. O Van Gogh é um dos mais famosos pintores e todos sabem que ele sofria de algum transtorno mental sério. Mas se ele era bom por ter um transtorno ou não é outra história. A história do Chris Gardner é de vencer obstáculos, mas cuidado com a interpretação do sacrifício e da penúria. Tem uma cena no filme que o Chris não bebe água para não perder tempo indo ao banheiro. Isso num curto prazo vai dar problemas sérios de saúde mesmo e sacrifício assim pode ser um tiro contra si mesmo.

Falar, falar falar

Eu já devo ter lido em várias reportagens sobre atletas de alta performance a mesma coisa: nunca cante vitória antes da hora. Eu também já percebi como blog custa muito pra manter. O problema maior não é o dinheiro, mas publicar sempre. Parece que tem pessoas que estão tão preocupadas com publicar sobre alguma coisa que esquecem de fazer. Em fóruns de criação de jogos eu já vi e passei por isso. Você cria um tópico e contar o progresso e atualizar acaba sendo tão trabalhoso que você perde muito tempo com isso.

Já devo ter lido em alguma reportagem sobre vestibular de alguns casos de pessoas que estavam bem nos simulados e até foram bem na prova. Mas como a concorrência era alta, não passaram. Devo ter lido isso em alguma entrevista do Etapa de alguém que admitiu que não passou em medicina por culpa do ego. Foi bem na prova, mas não tanto quanto precisava.

Uma das coisas que eu li sobre a personalidade narcisista é que são pessoas que adoram falar de si mesmas. Não param de se auto engrandecer e exaltar a si próprias. No caso de um narcisista negativista é falar de si como se todo azar ou desgraça do mundo fosse com si mesmo. Como se a vida dependesse disso. Todo mundo que é assim é um caso de transtorno de personalidade narcisista? Nem sempre. Pode ser apenas um traço.

Ser ou fazer?

Muita coisa que o Mark Rosewater diz sobre design é sobre ego e uma das coisas é querer provar que você pode. Algumas cartas foram feitas pensando assim e deram errado. Uma coisa no desenvolvimento de jogos é querer fazer algo para satisfazer a si mesmo, o que acaba invariavelmente deixando o público do jogo em segundo plano.

No meio acadêmico existe a frase “Publique ou morra”. Onde o que é valorizado é a publicação de artigos e quanto mais ou quanto maior o impacto, melhor. Isso sacrificando a sua saúde, amizades, família e o que mais for necessário. Estudantes também podem passar por isso quando notas e currículo assumem tanta importância que todo o resto, vida, relações sociais, saúde, acabam sendo sacrificados por causa disso.

Os fins justificam os meios. Essa é uma boa definição para um líder megalomaníaco ou alguém perverso e mau. Um psicopata por exemplo. Fazer tudo que estiver ao seu alcance para obter poder. Pessoas assim não medem as consequências dos próprios atos e isso só acontece porque não existe questionamento moral em primeiro lugar. Não importa a pátria, a honra ou o dever. O que vale é o poder, o quanto você ganha e o orgulho por aquilo que você fez independentemente de ser questionável ou antiético. A pessoa pode ser assim desde sempre ou se tornar assim por causa de forças externas. (Isso tem variações dependendo da cultura. Não são conceitos absolutos)

Torne-se um aprendiz

Os transtornos de personalidade têm uma falha de autocrítica. Pesquise pelos conceitos de egosintônico e egodistônico. A pessoa tem uma falha na autopercepção. Se perceber as próprias falhas fosse imediato, o próprio transtorno seria resolvido. Na verdade, qualquer transtorno deixaria de existir se a capacidade de se autocorrigir fosse inata a qualquer um. Pra isso que existem tantos médicos, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, conselheiros, etc. Tem um limite no quanto uma pessoa consegue ver de si mesma. Dependendo de como o ego se defende a pessoa pode ser rígida a tal ponto que mudar é impossível.

Eu já devo ter lido alguma reportagem sobre vestibular falando que uma das reações que acontecem é o candidato pôr a culpa na prova. Estudou e fez a prova, mas faltou pouco ou muito pra passar e a reação inicial é culpar a prova. Em alguma medida toda prova é injusta. Mas também xingar a prova não leva a lugar nenhum. O sistema de seleção justo para todo mundo e ideal não existe. Achar que você sabe mas não sabe, isso já deve ter acontecido com todo mundo pelo menos uma vez na vida.

Não seja apaixonado

Assisti algumas entrevistas do canal Investigação criminal e 99.99% dos crimes são cometidos por razões de emoção. O que não deve ser surpresa pra ninguém. Transtornos mentais causam crimes? Em alguns casos sim, mas é um percentual pequeno segundo os dados mais confiáveis que se tem. Uma das pessoas que dizem isso é o Dr. Guido Palomba e outros especialistas forenses. O percentual dos crimes que tem relação com transtornos mentais, poucos a pessoa perdeu a consciência de si, a grande maioria mantém a consciência mesmo com o transtorno.

Todos os transtornos de personalidade tem relação com emocional. Se pesquisar pela definição das emoções mais básicas como medo, ódio, felicidade, tristeza, etc. Nos transtornos de personalidade elas são confundidas umas com as outras. Esse é um problema. Fica difícil diferenciar. A própria percepção da pessoa é alterada e o que ela vê como paixão, pode ser outra coisa pra todo mundo em volta. Uma pessoa desprovida de emoções é impossível. Levar todas ou algumas emoções a um extremo, é aí que começam os transtornos como paranoias de perseguição por exemplo. Tem uma relação com o apego também.

Acompanhando o Pedro Calabrez e o Ricardo Ventura e ambos têm uma opinião sobre seitas, organizações obscuras, fórmulas de sucesso e curas milagrosas. Ou a pessoa está em desespero completo e acredita em qualquer coisa. Ou a pessoa tem tanta fé e/ou tanta paixão por aquele assunto que cai fácil em qualquer cilada ou golpe. Nos dois casos o problema é o mesmo, emoção demais.

Se pensar nos discursos do Hitler dá pra notar que ele põe muita paixão nas ideias dele. Muita força com discursos de impacto.

Siga a estratégia do quadro branco

Este capítulo e o anterior versam sobre humildade e aprendizado. Essa estratégia de começar pequeno e ir crescendo também pode ser usada por pessoas malignas. Tem caso de relacionamento abusivo que começa com uma pessoa que se mostra frágil e inofensiva, mas depois se mostra arrogante e prepotente. Vários tipos de golpes funcionam assim. A pessoa que dá o golpe faz ofertas irrecusáveis ou conta uma história falsa de que ela é carente ou necessitada e muita gente acredita. Todo tipo de assassino em série ganha a confiança primeiro antes de agir. É sempre assim. Tem vários livros sobre a arte de seduzir e manipular, tanto no bom sentido quanto no mal sentido.

Tem dois canais famosos: o "Não minta pra mim" e o "Metaforando" dedicados a descobrir mentiras. Tem muitas controvérsias se são ciência ou não, mas o fato é que existem técnicas de manipulação e sedução que são inatas ao comportamento humano e não são novas. Milhares de anos atrás já existiam. O que é possível dizer é que não tem uma técnica só, são muitas formas diferentes e não tem a fórmula mágica que pega qualquer mentira. Tem muita semelhança com relacionamento abusivo e uma regra é: relacionamento abusivo nunca começa abusivo. Começa como se fosse perfeito e é esse o problema. Demora até o abuso começar e nunca começa de maneira óbvia. Quando a esmola é demais, o santo desconfia.

Ainda sobre isso, o Alan Mocellim alerta sobre a inocência. O problema do relacionamento abusivo é que os primeiros abusos não parecem abusos. Se a pessoa demora a acreditar ou simplesmente vive uma ilusão de não querer acreditar que aquilo é abuso, o problema vai escalando cada vez mais. Imagino que o mesmo acontece numa empresa. Assédio, chantagens, exploração e humilhações valem a pena por uma promoção? Você abandonaria os seus valores em troca de um cargo? No meio artístico tem histórias de abuso assim com celebridades que passaram por maus bocados enquanto alguém se aproveitava da fama alheia.

A descrição da personalidade narcisista é de alguém que se recusa a estar abaixo de outra pessoa. O(a) narcisista precisa estar acima, sempre. Se isso esta associado com ostentação ou não, não sei. A descrição da personalidade passivo agressiva é semelhante. Diz que é alguém que se recusa a cumprir ordens. A descrição da contradependência é alguém que, como diz o nome, não quer depender dos outros. Mas isso é em relação a relacionamentos afetivos. Independência e isolamento não são a mesma coisa em termos de comportamento humano.

Fazer um trabalho "invisível" tem várias vertentes. Alguns professores já me falaram que o trabalho de quem cria modelos ou que faz testes práticos é muito importante. Wsta na base de várias coisas que são criadas. Mas ninguém quer fazer porque é um trabalho que não rende fama ou reconhecimento. Geralmente são trabalhos chatos, manuais e repetitivos. Similar a isso, a profissão de professor é uma que isso acontece. Dependendo do país e da cultura um professor é muito ou pouco valorizado. O ponto que o autor do livro quer chegar é que se formos arrogantes, esnobes ou preconceituosos, não poderemos começar por baixo para depois crescer. O ego não quer se sujeitar a isso porque sempre acha que merece mais e melhor. Mesmo depois de chegar no topo o ego continua sendo um perigo, pois pode ser o que nos derruba.

Se contenha

Eu já tinha lido sobre soberba e presunção em várias coisas sobre atletas de alto rendimento. O preparo psicológico pesa muito e até mais do que o físico. Também não é muito diferente de professores de cursinho dizendo que o estado mental influencia na hora do vestibular. Coisas que eu li sobre transtornos de personalidade também são parecidas. O autocontrole é uma falha nesses casos. Por ex: borderline tem um problema com as emoções muito grave. Psicopatas também e aqueles casos de assassinos em série a pessoa tem o impulso de matar totalmente fora de controle.

Saia da sua própria cabeça

Eu assisti um vídeo de um canal de transtorno borderline e narcisista e o especialista (Frank Yeomans) disse que uma maneira de explicar as ilusões e fantasias de um narcisista é a de que a realidade é agressiva. Para se defender a mente do narcisista cria um filtro da realidade que favorece a si mesmo o tempo inteiro. Seria uma explicação bem parecida com pessoas paranoides. Nesse caso a pessoa tem um filtro de que existem ameaças ou que o mundo é uma ameaça e daí vem uma barreira mental de proteção contra essa ameaça. Não cheguei a ver sobre isso, mas já vi alguma tese por aí de que grandes líderes megalomaníacos podem misturar traços de psicopata, narcisista e paranoia numa mistura que explicaria guerras com massacres de milhares ou milhões de pessoas.

Já vi alguns especialistas comentando a esquizofrenia e, por alguma razão, o esquizofrênico criou uma fantasia na cabeça e daí você tem casos de mania de perseguição por ex. A pessoa realmente acredita que tem uma câmera onde não tem nada, que um vizinho esta tramando contra, que um parente esta querendo matá-lo(a), etc. É curioso que enquanto um esquizofrênico teria muito muito medo de estar sendo perseguido por ex, um narcisista pode ter um senso de importância tão inflado que ele(a) pode achar que todo mundo dá importância pra ele(a). É como se um narcisista se sentisse num desfile eterno.

Uma vez eu lembro de ter visto numa comunidade de jogos um cara falar que a empresa fez o jogo, que ele jogava, mal-feito. Até aí tudo bem. Mas a justificativa dele era que a empresa fez o jogo errado de propósito porque odeia jogadores como ele. Tipo que???? Nunca vi tamanho egocentrismo. Por que diabos uma empresa faria um jogo pensando em prejudicar uma certa classe de jogadores??? Não faz sentido nenhum. Isso é uma das coisas mais comuns do mundo. Criticar empresas, pessoas, produtos ou serviços baseados em comparações com você mesmo. Mas a régua tem uma escala que só vale para você.

O perigo do orgulho precoce

A ideia básica é a de que o orgulho cega. Te deixa distante da realidade. Você para de aprender e passa a acreditar que é muito mais do que é na verdade. Ele cita uma frase do Genghis Khan “Se você não pode engolir o seu orgulho, então você não pode liderar”.

Somos ensinados a nos defender de críticas negativas, de desencorajamento. Mas não somos ensinados a tomar cuidado com elogios excessivos. O caminho para vencer um excesso de confiança e um egocentrismo é o autoconhecimento.

Eu vi isso muito com relação a faculdade. Mesmo lá fora nas Ivy league da vida. Você tem um currículo invejável e notas altíssimas. Passa na seleção. Mas lá dentro toma pau nas provas. Ué? Você não era um aluno brilhante na escola? O que aconteceu? Eu já devo ter passado por muitas situações de achar que isso ou aquilo era simples quando não era. Uns 99% das pessoas devem ter passado por isso em algum momento.

Quase todo relato de um narcisista dá conta que são pessoas com um vazio imenso que precisa eternamente de gratificações, validação. Caso contrário morre. Ao mesmo tempo são pessoas que desprezam qualquer crítica feita e essa é uma das razões para o tratamento ser difícil ou impossível. Os outros transtornos de personalidade também podem apresentar essa mesma resistência. Mas nem todo mundo que é resistente é um caso de transtorno.

Uma coisa que eu vi que é um padrão em relacionamento tóxico é que você junta uma pessoa que tem autoestima baixíssima com outra extremamente orgulhosa e cheia de si. Casa bem um com o outro. Porque um lado é desesperado por elogios, por menor que seja. O outro é tóxico e manipula, engana, com muita facilidade.

O Pedro Calabrez tem um vídeo falando de humildade e quem é humilde de verdade não se gaba de ser humilde. Eu já vi isso acontecer, alguém que se gaba de ser humilde e não faz isso ou aquilo. Mas eu reparei que isso era uma arrogância meio invertida, disfarçada de humildade. Porque como assim você se gaba de não fazer nada dos que os outros fazem e isso é uma qualidade? Pode até ser, mas teria que ser um ponto fora da curva extraordinário.

Trabalho, trabalho, trabalho

A ideia geral do capítulo é a de que ter ideias é uma coisa, fazer acontecer é outra e aí que mora o problema. É difícil de fazer dar certo.

Isso é o que eu mais vejo em comunidade de desenvolvimento de jogos. Alguém tem uma ideia de fazer um jogo e já sai chamando gente. Mas o jogo nunca fica pronto, quanto mais chega a começar o desenvolvimento. Ter ideia de jogo é fácil. Todo mundo tem ideias. O problema é fazer o jogo. Em alguma comunidade dessas eu lembro de uma discussão com uma pessoa que disse que o jogo, por mais simples que seja, dá um trabalho descomunal pra fazer. Uma vez essa pessoa estava numa empresa e alguém contratado disse que faria o projeto em questão de um mês. Nunca fez.

Já vi uma ideia megalomaníaca de um cara por aí que jurava de pés juntos que ele iria fazer um mmorpg revolucionário sozinho e com hardware insuficiente. O pessoal deu risada, trolou, mas o cara ficou um tempo nesse delírio. O cara queria provar para o mundo inteiro que todos estavam errados, que era possível um jogo gigantesco, complexo e tudo com base naquela ideia de que um engine pronto faz tudo pra você. Pior ainda era o delírio de que o jogo não custava um centavo pra fazer, não seria pago e seria autossustentável com base em “eu moro em casa com minha mãe” (é sério????). Passado uns 5 anos ele admitiu que desistiu e nunca mais voltou.

Eu li um pouco sobre transtorno de personalidade obsessivo compulsivo e um dos sinais são pessoas que transformam o trabalho numa obsessão. A pessoa vive em função de trabalhar. Isso é comum, mas a diferença do transtorno é que a pessoa tem uma inflexibilidade tamanha que ela segue métodos rígidos e por mais que ela perca tempo ou seja um método muito complicado, ela continua fixada naquilo. Por que disso não sei. Mas são pessoas de convivência difícil por terem uma verdadeira obsessão por controle de tudo. São pessoas metódicas demais. Isso pode indicar que são pessoas que não confiam no trabalho dos outros. No fundo disso com certeza tem alguma questão de ego lá.

Eu li um pouco sobre perfeccionismo e obsessão. Pode ser uma maneira de lidar com o medo do fracasso. Tem dois extremos. Um é refazer e nunca parar de refazer ou de recomeçar. O outro é nem começar em primeiro lugar. Perfeccionismo invariavelmente vem acompanhado de autocentramento. Uma coisa que eu já percebi é que isso pode se manifestar na forma de uma pessoa que critica demais imperfeições ou pequenos detalhes em tudo quanto é coisa ou tudo que os outros fazem.

Para tudo aquilo que vem depois, o ego é o inimigo

A ideia central do capítulo é para tomar cuidado com ambição e ego. É muito tentador fazer o pacto com o diabo para ganhar o que você quer, mas em troca vender a alma. Um exemplo de pacto com o diabo são os atletas que usam de trapaça para ganhar.

Num vídeo de análise do Ricardo Ventura, do canal "não minta pra mim”, o Ricardo disse que as redes sociais estão cheias de pessoas buscando a perfeição das outras. É uma coisa que o Pedro Calabrez também fala sobre. Todo mundo põe numa rede social aquilo que é mais interessante e não põe o que não quer. Daí você só vê fotos bonitas, lugares perfeitos e tudo que parecer ser uma vida de glamour. Mas é verdade? Ou aquilo é ilusão? Pior que isso realmente tem um peso grande porque tem muita gente mesmo que acredita em tudo que vê e pode até ser um infeliz por aí que se cobra por uma coisa que não é verdade.

Uma coisa que eu li em alguns relatos é que a personalidade narcisista não admite concorrência. Não admite que alguém seja melhor. É uma ofensa mortal não ser o(a) melhor. Dentre as reações possíveis de um narcisista tem humilhar, difamar, inversão de culpa, projeção. São pessoas com um egoísmo muito maior do que a média. É doentio. No caso de psicopata mais perverso pode até incluir matar mesmo quem estiver no meio do caminho rumo ao poder ou dinheiro.